Sertão Pop Cultura e Turismo

Produtora

Sertão Pop nasceu da necessidade de estar sempre procurando tornar o simples e o belo no gosto popular. Ser tão pop quanto necessário, para o viver bem de quem consume cultura. Acreditamos que para ser consumido pela população tem que ter qualidade e respeito pelo que está se produzindo. Queremos inverter o papel da mídia de massa, que a cada dia "vomita" músicas e pessoas de gosto duvidoso. Queremos abraçar ao belo, ao audível, ao criativo e a produções que eleve o coração e a alma das pessoas.

Acima de qualquer regra de marketing, pensamos que comunicar é estar sempre ligado com tudo que nos rodeia, por isso aqui não trataremos somente de produção cultural, mas também de tudo o que está ao seu alcance,como o turismo. A cultura em geral e o turismo nos interessa. A satisfação de as pessoas estarem em um evento feito pela Sertão Pop é o grande objetivo do nosso trabalho.

Aqui teremos um local aberto, sem limites para pensar. Sem regras, sem pudor e sem preconceitos. Trabalharemos com objetividade, criatividade, eficiência e com muita garra para que os objetivos do nosso público e parceiros estejam ao alcance da sua satisfação.

Nossa produtora é uma sala de aula. Um museu, um brechó, uma galeria de arte. Aqui quem entra não consegue sair tão logo. Não temos copeira e nem "boy", aliás, nós que somos os "boys" daqui. Você também está convidado para ser um dos nossos.





1 de set. de 2007

Cores de Almodóvar, blues, rock e amizade.


Por Candice Gonçalves para o site overmundo


Acesse: http://www.overmundo.com.br/overblog/cores-de-almodovar-blues-rock-e-amizade

Apesar da Região do Cariri ser conhecida como berço da cultura do Ceará, sabe-se que a maioria dos eventos culturais acontecem na capital do estado, Fortaleza, e quase nunca se alongam ao interior.

Há muitos anos, produtores de eventos aventuram-se em tentativas mal-sucedidas de levar ao público carente do bom e velho Rock ‘n Roll, oportunidades de escutar a música além daqueles cinco minutos que levam de suas casas ao trabalho, dentro de seus carros, em ipods – é, no interior do Ceará também existe ipod - ou nas raras oportunidades em que grandes bandas são convidadas a tocar na Exposição Agropecuária do Crato, feira de grande destaque, que acontece todo mês de julho na cidade de Crato e que hoje, tem contado quase que inteiramente com a participação de bandas de Forró, Axé e Música Sertaneja.

É sabido que os bares dessa região perderam grande parte de seu público por conta da massificação de um gênero do Forró, do qual o velho Luiz Gonzaga não ficaria orgulhoso em ver. Críticas à parte, uma produtora local chamada Sertão Pop, dirigida por Kaika Luiz, resolveu abraçar o projeto Fim de Tarde e modificar esse quadro. Diante das constantes ameaças da vizinhança dos bares por tocarem música além das 22 horas, Kaika teve a brilhante idéia de uma festa itinerante que aconteceria nas tardes de sábado em algum local mais afastado da cidade onde se pudesse curtir boa música num ambiente diferente daquele a que todos estão habituados.

A primeira edição do Fim de Tarde aconteceu no Pink Floyd Bar, de propriedade de Erisvaldo – grande apreciador do rock ‘n roll – e contou com a participação de duas bandas da região: a Los The Os (rock e blues) e a Nightlife (pop rock internacional). Da idéia inicial do projeto ao primeiro riff de guitarra, foram quinze dias de muita luta e correria. “Toda a produção, aluguel de som, contratação de bandas e material gráfico foram pagos através da colaboração de patrocinadores locais, o que acabou dando à população a oportunidade de conferir dois shows de qualidade sem nenhum custo”, relata o produtor do evento. Esses “parceiros da boa música”, como é chamado o grupo de empresários e também motoqueiros que há tempos se reúnem no bar em questão, compareceram em peso naquela tarde e tiveram como maior pagamento o contato com as pessoas e a animação do local. Por ser o bar mais afastado da cidade, já num distrito de Crato conhecido por Romualdo, aqueles que compareceram ainda tiveram o privilégio de percorrer nove quilômetros de estrada com o verde predominante da Chapada do Araripe e uma luz bonita que só se vê nos céus do Cariri.

Quase não se gastou com publicidade da festa, já que a divulgação foi feita através do envio de e-mails, mensagens no Orkut e boca-a-boca. E além daquelas pessoas da cidade que já sabiam do evento, os próprios moradores do sítios, nos arredores do bar, foram chegando, pouco a pouco, e abrilhantando a festa com aquela curiosa participação de pessoas simples, que só costumam conhecer esse tipo de música quando difundida através da televisão e rádio.

O projeto pretende, ainda, trazer em suas próximas edições, shows de música popular brasileira e jazz. O que nos leva a crer que existe sim, a possibilidade de se fazer uma boa apresentação cultural, com a participação do mais diverso público-alvo, a baixo ou nenhum custo, e que se pode dar à música de qualidade, uma grande oportunidade de sobreviver com poucos arranhões e um bonito pôr-de-sol ao fundo.


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Impressões da 1ª edição do Projeto Fim de Tarde, enviadas por e-mail:

“A caminho do Pink Floyd Bar, no Romualdo, você vai encontrar uma infinidade de situações. Inicialmente você deverá subir a ladeira da famosa Avenida Duque de Caxias, deixando pra trás o centro do Crato. No topo da ladeira, dobre à direita numa rua de calçamento. Daí em diante, e até chegar à Vila Lobo, diversos encontros inusitados marcarão o caminho. Pessoas simples, moto-taxistas, carros de linha, cahorros, jumentos, etc. Esse caminho de pedra leva, mais ou menos, uns 10 minutos até o seu final. A partir desse ponto, começa o asfalto e o caminho fica mais acessível. Adiante você verá, também à direita, uma placa indicativa para o Vale do Amanhecer. Siga sempre pelo asfalto. Diversas paisagens agora farão parte dessa sua pequena viagem até o bar. Tudo emoldurado pela beleza única da Chapada do Araripe. Curvas perfeitas, descidas muito íngremes formam o cenário para se chegar à casa de Erisvaldo, dono do Pink Floyd Bar. O clima na estrada é gostoso, principalmente nesse período, onde um restinho de frio habitual dessa época do ano, compõe o clima da viagem, fazendo desse percurso até chegarmos no Romualdo, um momento único e cheio de boas vibrações”.

Felipe Belarmino, designer e beatlemaníaco.

“Quinze horas de um sábado, sete de julho de 2007: uma tarde qualquer. Poderia até ser mais um comum final de semana no Cariri. Todavia existia em mim uma ansiedade não habitual em relação a momentos como aqueles.

Rola The Smiths no som, prepara-se um banho.

Em menos de uma hora me vi vestida em um jeans justo, camisetinha preta do Pearl Jam, batom e salto - no maior estilo rock ‘n roll. Era fim de tarde e o propósito era se deslocar de minha casa, com o maridão, pra curtir muito rock e blues. Muitos perguntariam: Onde? No Romualdo, como assim? Achei a proposta surreal, colorida, mágica e excitante. No Bar do Pink Floyd, do famoso Erisvaldo, uma baladinha de fim de tarde pra uma galera carente de som de qualidade. Indagações à parte, a festinha descolada só poderia ter sido idéia de alguém que, assim como eu, necessitava ver acontecer movimentos culturais diferentes.

O caminho até chegar a localidade do Romualdo foi uma cena a parte. O sol já querendo ir embora, mas soltando uma luz que parecia ouro, as curvas ladeadas de verde e emolduradas por um céu bem azulzinho (como diria Djavan) e com algumas nuvens brancas feito capuchos bem finos de algodão (como especificaria José de Alencar). Licença poética à parte, a tarde festiva aconteceu da melhor forma. Entre risos soltos, abraços de reencontro, goles de vinho, fotos inusitadas, muito som e alegria, os participantes do evento foram envolvidos por uma certa nostalgia daquilo tudo que já teriam vivido até ali. Nostalgia essa, misturada à certeza de saber como é bom sentir a doçura do reencontro, do cantar, do dançar e do brindar entre amigos. Bons momentos, que a aquela altura, já estavam sendo abençoados por uma brisa noturna e serena; com a lua em cena, num papel que jamais poderia ser de coadjuvante.”

Hermínia Rachel, jornalista e adora rock ‘n roll.


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